Sunday, February 3, 2013

A posse de João Goulart - 1961


Depois de várias manobras da banda anti-democrática do Exercito Brasileiro para barrar a volta do Vice-Presidente João Goulart ao Brasil, para ser empossado como genuíno Presidente do Brasil, devido à renúncia de Jânio Quadros em 24 Agosto de 1961, ele finalmente chegou à Brasília e assumiu seu legitimo posto em 7 de Setembro de 1961, embora emasculado pela introdução de um Parlamentarismo de Ocasião, imposto pela mesma camarilha reacionária que daria o duro golpe militar de April de 1964. 


João Goulart toma posse como Presidente do Brasil, na capa d' O Cruzeiro de 23 Setembro 1961.


Tarde de 7 de Setembro de 1961. Lotando todas as dependências do Congresso Brasileiro, uma multidão, em que se misturavam políticos e populares, assistiu ao desenrolar de um foto histórico: tomava posse o 1o. Presidente da República sob o regime parlamentarista, acabado de ser adotado no País. Terminava, com a posse do Sr. João Goulart, uma das crises politico-militares que mais prejuízos trouxeram à Nação. Texto de Ubiratan de Lemos d' O Cruzeiro.




David Nasser, colunista conservador d'O Cruzeiro escreve, do Hotel Waldorf Astoria, de New York, um artigo de 2 paginas esculhambando com o Congresso Nacional por ter se curvado à chantagem do setor militar na implantação do regime parlamentarista de 'exceção'. Nasser distila seu veneno anti-democrático dizendo: 'Ninguém de bom senso reconhece no Senhor João Goulart qualidades pessoais que o recomendem à Presidência. Mas, duas vêzes ele foi eleito Vice-Presidente...'  Isso mostra um profundo desprezo do sr. Nasser quanto aos milhões de eleitores que elegeram João Goulart duas vêzes para a vice-presidência, chamando-os a todos de não terem 'bom senso'.   


João Belchior Marques Goulart, Presidente do Brasil 


João Goulart em Lima, Peru, recebido pelo Ministro do Exterior daquele país, dá entrevista à imprensa, descrevendo o absurdo de ter sua volta 'barrada' por setores anti-democráticos do Exercito Brasileiro. Uma situação constrangedora em termos de diplomacia internacional, mas que em tempos de Guerra Fria, com os Estados Unidos à beira de intervir em vários países latinos, essa palhaçada era 'aceitável': bastava que João Goulart fosse caracterizado como 'comunista'... um estancieiro gaúcho, proprietário de terras 'comunista'; tudo era possível naquele tempo... como hoje, aliás. 

para detalhes sobre a viagem de volta de Jango veja:
http://www.sul21.com.br/jornal/2011/09/o-retorno-de-jango-em-fotos/


31 August 1961 - João Goulart ainda não tinha conseguido voltar ao seu País, sendo impedido por uma camarilha de militares reacionários. A solução foi Jango aterrissar em Porto Alegre-RS, onde o governador Brizola garantiria sua integridade física, já que o comando do Exercito no Sul era legalista, isto é, cumpridores da Constituição de 1946, ou seja lá qual Constituição escrita. 





João Goulart (sempre com um cigarro entre os dedos) assina autógrafos em Porto Alegre-RS.


João Goulart finalmente encontra com seu cunhado Leonel Brizola, governador do estado do Rio Grande do Sul, que fez tudo para que ele voltasse ao sul do País com segurança.


governador Leonel Brizola, defensor da Legalidade da posse do vice-presidente João Goulart. 


Manchete 30 Setembro 1961

O 'produto' João Goulart era imbatível. Um presidente fotogênico, tendo ao lado a primeira-dama mais bonita do pedaço (e olhe que Jacqueline Kennedy reinava na Casa Branca) além de um casal de filhos dos mais encantadores. Tudo que a direita golpista não precisava. Jango, que fora eleito como Vice-Presidente, mostrando que seu apelo popular era palpável, tornava-se presidente do país, com chances de eleger quem ele quisesse em 1965.

PARLAMENTARISMO DE OCASIÃO


Primeiro Ministro Tancredo Neves


1o. gabinete do Governo João Goulart: da esquerda à direita: Walter Moreira Salles (economia); General Segadas Viana (exercito); contra-almirante Angelo Nalasco de Almeida (marinha); brigadeiro Clovis Travassos (marinha); San Thiago Dantas-PTB-MG (exterior); Franco Montoro-PDC-SP (trabalho); Ulysses Guimarães-PSD-SP (industria & comercio); Armando Monteiro Filho-PSD-PE (agricultura); Virgilio Tavora-UDN-CE (viação); Gabriel Passos-UDN-MG (minas e energia); Estácio Souto Maior-PTB-PE (saúde); Oliveira Brito-PSD-BA (educação).  

O chamado 'Conselho de Ministros' era formado por 4 membros do PSD, 2 do PTB (partido do Jango, que portanto deveria ter mais membros), 2 da UDN (partido de oposição, que não deveria ter membro algum) e 1 do PDC (Partido Democrata Cristão). Portanto se vê que o 'governo' era um 'balaio de gatos'... um gabinete de 'coalizão'... uma excrescência que desafia a inteligência de qualquer cidadão do mundo. 

Esse Parlamentarismo de Ocasião foi concebido, gestado e implantado em 7 dias em 2 de Setembro de 1961, como exigência dos militares para que João Goulart pudesse assumir em 7 de Setembro. Note que o número cabalístico 7 aparece sempre. Só recorrendo à cabala e idéias de karma é que se pode entender a política nacional, tal o absurdo de posições e intransigência de uma ala podre das forças armadas aliada a bolsões de atrazo e reacionarismo civil.

Não só implantaram o Parlamentarismo, como também o gabinete inteirinho. O presidente, que num país qualquer do mundo, escolheria um partido para compor seu governo, aqui não teve papel algum. Quando João Goulart assumiu a Presidencia em 7 de Setembro, seu 'gabinete' já estava formado. Um Parlamentarismo feito no inferno? Manicômio seria mais acertado.

Aí estão as caras dos ministros do 1o. governo parlamentarista do Brasil no século XX. Na verdade isso nem seria 'parlamentarismo', pois a 'oposição' UDN estava incluida no governo. Poderia-se chamar isso de 'governo de coalizão' ou 'frente ampla', já que todos os partidos estão representados. Parlamentarismo à brasileira ou parlamentarismo à quartelada.

Primeiro-Ministro:

Tancredo Neves:  Setembro 1961 a Junho 1962
Justiça: Tancredo até 13 Outubro; Alfredo Nasser
Economia: Walter Moreira Salles
Exterior: San Tiago Dantas
Trabalho: Franco Montoro
Educação: Oliveira Brito

Brochado da Rocha:  Junho a Setembro de 1962
Justiça: Candido de Oliveira Neto
Economia: Walter Moreira Salles
Exterior:  Afonso Arinos
Trabalho: Hermes Lima
Educação: Roberto Lyra

Hermes Lima: Setembro 1962 a Janeiro 1963
Justiça: João Mangabeira
Economia: Miguel Calmon
Planejamento: Celso Furtado
Educação: Darcy Ribeiro


Leia mais em:  http://www2.camara.leg.br/comunicacao/institucional/noticias-institucionais/emenda-parlamentarista


o dinheiro que circulava no país era o Cruzeiro, tendo Getúlio Vargas na nota de 10.


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